Oito municípios paraibanos, por meio de um acordo, promovem testagem em massa da população para identificar casos de hepatites virais. A ação aconteceu nesta terça-feira (20) e será realizada também nesta quarta-feira (21). O mês de julho é dedicado a conscientização da doença e faz um alerta, principalmente para as dos vírus B e C. A última é considerada uma das mais silenciosas, ou seja, não apresentam sintomas. O médico infectologista Fernando Chagas, que é diretor do Hospital Clementino Fraga, que é referência no Estado para tratamento de hepatites, explicou sobre a doença.
Bayeux, Cabedelo, Conde, Cruz do Espírito Santo, João Pessoa, Santa Rita, Sobrado e Riachão do Poço participam de ação conjunta de testagem em massa junto com o Hospital Clementino Fraga. “Positivou? Clementino Fraga. Vamos tratar. Vamos curar”, explicou o médico. No entanto, é importante destacar que todos os municípios paraibanos recebem orientações do setor da Secretaria de Estado da Saúde (SES-PB) para promoverem testes da população. É necessário buscar orientações nas unidades de saúde municipais.
Fernando Chagas destacou que hepatite é uma doença relacionada a uma inflamação do fígado. “A hepatite pode ser fruto de uma série de diferentes razões desde uma doença autoimune até mesmo alguns vírus. Porém existem os vírus que são específicos que chamam tropismo, atração pelas células do fígado. Existem cinco, que na literatura médica que denominou por letras, conforme elas foram sendo descobertas. A Hepatite A que foi a primeira. O vírus A causa hepatite A. O B, hepatite B e assim sucessivamente”, comentou. Na região se destaca os três primeiros: A, B e C.
Hepatite A
O médico explicou que a hepatite A é comum em crianças e a transmissão ocorre por via oral: alimentos e água contaminados “Ela causa um quadro agudo na criança. A criança tem um quadro febril, parece até uma arbovirose ou mesmo um resfriado, chega a até ter coriza. Dá dor no corpo, febre. Algumas crianças chegam a ficar um pouco amarelinhas, com os olhos amarelinhos que é a deposição de uma substância do fígado que chama icterícia. A criança pode chegar a ficar com xixi escuro, com cocô esbranquiçado – o que a gente chama acolia fecal – mas esse tipo de hepatite evolui para cura”, pontuou.
No entanto, frisou que pode ser risco, principalmente quando aparece em adultos em evento considerado raro, mas que pode ter uma evolução abrupta, uma hepatite fulminante. Nesse caso é gravíssimo, que pode levar a morte, mas é raro. Segundo Chagas, pelo menos 80% dos adultos brasileiros já tiveram contato com o vírus da hepatite A.
Julho Amarelo
Julho é o mês de conscientização das hepatites virais, principalmente para as dos vírus B e C, sendo o último silencioso, pois muitas vezes quando se descobre, os pacientes já atingiram o grau de cirrose hepática, que é irreversível o quadro e o câncer de fígado. As duas está relacionada com o contato com o sangue. A hepatite B é transmitida pela relação sexual, mas também por compartilhamento de objetos.
“Por isso a orientação do uso do preservativo e das medidas de cuidado da transmissão sexual não só HIV, ISTs, hepatite B é também uma IST, mas também algo que impacta também é o compartilhamento de objetos. Tem que ter cuidado ao compartilhar, por exemplos, aparelhos de barbear, alicates de unhas”, afirmou Chagas.
Hepatite B
O médico infectologista ainda explicou que a hepatite B pode desenvolver a forma aguda, apresentando olhos amarelos, febre, dor no corpo, moleza, fezes brancas e até xixi preto (pode acontecer). “20% das pessoas que pegam hepatite B pode evoluir para a forma crônica e aí é um problema. A gente trata, mas apenas 1% das pessoas curam. Elas podem ficar com essa hepatite crônica para a vida toda”, revelou.
Para a hepatite B tem vacina para prevenção. Desde 1991 que se vacina as crianças no Brasil, pois faz parte do calendário vacinal. São três doses em meses alternados até os seis meses de vida. As mulheres gestantes que ainda não se imunizaram contra a doença tomam durante o pré-natal. As demais pessoas podem ter acesso a vacina também. O tratamento da hepatite B é com um dos medicamentos que fazem parte do esquema medicamentoso do HIV e por isso requer cautela, pois têm efeitos adversos.
Hepatite C
De acordo com Fernando Chagas, a hepatite C é uma das mais silenciosas existentes na literatura médica. “Até 1989, a gente não sabia que existia esse vírus. Em 1989 é que ele foi descrito. Em 1992 é que se passou a fazer exames em transfusão de sangue para detectar hepatite C. Quem recebeu sangue antes de 1992 corre o risco de ter recebido sangue com o vírus C”, afirmou. Não tem como se prevenir e nem vacina.
Por conta disso, a orientação é que todo adulto acima de 40 anos, principalmente com histórico de transfusão sanguínea antes de 1992 deve fazer o exame. No entanto, o médico estende o público e recomenda que todos acima dos 40 anos façam o exame para a detectar a hepatite C.
“Porque se der positivo a pessoa faz outro exame que é o que realmente comprova que está com o vírus”, contou, destacando que para este caso há cura. O Clementino Fraga faz exame genético – carga viral – para a doença e o paciente tem 95% chances de cura. O plano é erradicar no Estado a hepatite C. O tratamento pode durar 12 semanas e garante uma cura de 95%. É um tratamento todo oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Hospitais que oferecem tratamento
- Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW): em João Pessoa
- Hospital Clemantino Fraga: em João Pessoa
Queda no atendimento
Em todo o ano passado, o Clentino Fraga realizou, mesmo com pandemia, 1.800 atendimento ambulantorias – consultas médicas. Este ano, houve uma redução e somente nos seis primeiros meses foram 300 atendimentos no ambulatório. A Saúde orienta que a população busque o serviço médico.
ClickPB
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