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Polícia do Rio de Janeiro mata maior miliciano do estado em operação para prendê-lo



O miliciano mais procurado do Rio de Janeiro, Wellington da Silva Braga, o Ecko, foi morto neste sábado (12) numa operação policial que tinha como objetivo capturá-lo após mais de quatro anos de fuga.

De acordo com a Polícia Civil, Ecko foi preso após uma troca de tiros em Paciência, zona oeste do Rio de Janeiro, sua principal área de atuação. Segundo a corporação, o miliciano foi baleado, socorrido de helicóptero, mas morreu no hospital.

A operação para prendê-lo ganhou o nome de Dia dos Namorados. A investigação aproveitou a data comemorativa para monitorar parentes de Ecko que ele visitaria neste sábado.

Ecko é mais um miliciano morto em operações policiais. No ano passado, o ex-capitão da Polícia Militar Adriano da Nóbrega, ligado ao senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), também foi morto na tentativa de prendê-lo no interior da Bahia.

Ele estava na lista dos bandidos mais procurados do Brasil, elaborada pelo Ministério da Justiça e da Segurança Pública ainda na gestão do ex-juiz Sérgio Moro. Havia contra ele dez mandados de prisão por homicídio, extorsão, associação criminosa, entre outros crimes. O primeiro foi expedido em dezembro de 2016.

A primeira grande operação para tentar prender Ecko ocorreu durante a intervenção federal na segurança pública no estado, organizada pelo Exército. A polícia prendeu 149 pessoas numa festa em um sítio em Santa Cruz (zona oeste).

Ecko fugiu e a Justiça mandou soltar 137 pessoas duas semanas depois. O Ministério Público entendeu que não havia provas contra a maior parte dos detidos.


Em outubro do ano passado, a polícia matou 12 pessoas apontadas como membros da quadrilha de Ecko. Entre eles, estava o ex-policial militar Carlos Eduardo Benevides Gomes, conhecido como Bené. Ele era apontado como líder da "franquia" miliciana de Ecko em Itaguaí.

O miliciano morto era símbolo de um novo perfil de milicianos do estado. Abandonou o discurso de combate às drogas adotado por essas quadrilhas no início dos anos 2000 e investiu na exploração do tráfico e outras atividades criminosas.

Era um "pé inchado", como os milicianos egressos das corporações policiais (maioria na origem desses grupos) chamavam os civis que atuavam no domínio de territórios.

Investigações da Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas) apontavam que o grupo de Ecko mantinha uma aliança com traficantes da facção TCP (Terceiro Comando Puro). Os milicianos deixam os traficantes atuarem na favela, com a venda livre de drogas, mas exigem parte do lucro Ecko, também conhecido como Didil, assumiu a chefia da Liga da Justiça — como se autointitula a principal milícia da zona oeste- em abril de 2017, após a morte de seu irmão, Carlos Alexandre Braga, o Carlinhos Três Pontes, também um "pé inchado".

A Liga da Justiça surgiu na zona oeste, nos anos 2000, e tem como símbolo o morcego do personagem de quadrinhos Batman, uma alusão ao apelido de um dos chefes da quadrilha, o ex-policial Ricardo Teixeira Cruz, hoje preso.

Os seus primeiros chefes eram os irmãos Natalino, ex-deputado, e Jerônimo Guimarães, ex-vereador. Os dois também foram policiais.

A Liga é considerada a milícia mais poderosa e a que mais conseguiu ampliar o seu território, a partir da absorção de outros grupos menores. Ecko intensificou essa expansão, a partir de "franquias" do grupo criminoso na Baixada Fluminese.

Assim como outras milícias, obriga moradores de lugares pobres a contratarem serviços urbanos. Em 2015, a Polícia Civil estimava o lucro do grupo em R$ 1 milhão por mês com a exploração de serviços como segurança e ligações clandestinas de internet e TV a cabo em 12 bairros.

A quadrilha também invadiu conjuntos habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida, controlando quem ocupa os apartamentos.

Os métodos nos últimos anos se diversificaram -elas cobram por qualquer atividade que movimente dinheiro.

Folhapress
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